Tempos de crise são sempre intensos e exigentes. Põem-nos à prova e, por vezes, derrotam-nos. Todavia, são também ótimas oportunidades de mudança - tantas vezes mais profunda do que imaginaríamos...
Recusa baixar os braços? Veja como dar a volta à crise.
A Pandemia Como Oportunidade Para Superar Novos Desafios
Apesar da pandemia provocada pelo surto inesperado da COVID-19 ser algo quase inédito na história moderna, a verdade é que as suas consequências se assemelham a algumas outras crises – financeiras, nomeadamente – que já vivemos, apresentando desafios exigentes, obrigando a mudanças estratégicas e infelizmente levando ao aumento do desemprego e insolvência de empresas.
No entanto, também é verdade que em tempos de crise surgem sempre novas oportunidades ou renascem vontades e sonhos antigos.
Por estes dias, Vasco Falcão, diretor-geral da Konica Minolta Ibérica, escreveu um artigo muito interessante sobre a capacidade de adaptação ao digital – inegável para a sobrevivência empresarial de muitas realidades – em que referia que muitas marcas se conseguiram destacar, aumentar a rentabilidade e até reinventar-se enfrentando os obstáculos como oportunidades de negócio.
Na mesma linha, surgiu recentemente no YouTube uma corrente de milhares de pessoas denominada “I refuse to participate in a Recession”. Um movimento iniciado pelo tecido empresarial dos EUA e que me obrigou a uma reflexão mais profunda sobre a situação que vivemos e suas consequências.
Olhar Para os Exemplos de Sucesso Dá-nos Esperança
Com efeito, tendo plena consciência das dificuldades que o país e o mercado internacional apresentam, e do impacto que todo este cenário terá na economia global, há marcas portuguesas que nunca venderam tanto, nunca pequenos produtores escoaram tanto produto, e nunca os consumidores valorizaram tanto os serviços de que usufruíam e que davam como garantidos.
Por todo o país, há exemplos de sucesso que valem a pena ser analisados. Redes de ginásios que criaram plataformas digitais e que permitiram que as pessoas se mantivessem em forma ou que começassem a praticar exercício físico regular; produtores, supermercados e mercearias que facilitaram as entregas de cabazes saudáveis em casa; marcas de roupa independentes que melhoraram as suas lojas online e apostaram na promoção contínua e na diferenciação de produto; sessões de teatro e comédia online, entre outros que admiro bastante.
O ramo da educação não foi, obviamente exceção. Foi necessária dar uma resposta imediata às necessidades de aprendizagem dos alunos, de diferentes idades, com diferentes habilidades e acessos tecnológicos, de forma a assegurar a continuidade dos conteúdos apreendidos e até do ritmo de estudo.
Claro que todos sabemos os desafios que toda esta revolução causou. O acumular do cansaço, de tarefas; a gestão profissional e pessoal; o confinamento; a angústia e até, nalguns casos, a solidão.
Mas analisando tudo o que tenho lido também assumo a postura de “I refuse to participate in a Recession”. Com plena consciência da responsabilidade e das diretrizes a seguir pela segurança de todos, há que transformar os desafios em benefícios.
Muitos perderam empregos ou viram a sua atividade reduzida, quando na realidade não se sentiam realizados nas tarefas que desempenhavam.
Muitos se queixavam da falta de tempo para a família e até descobrimos que é possível encontrar um maior equilíbrio entre o tempo que dedicamos à atividade profissional e aos de que mais gostamos. Muitos descobrimos novos hobbies e interesses. Lemos mais, vemos mais séries, refletimos mais e pensámos em nós.
Não Será Esta, Também, Uma Oportunidade de Mudar de Vida?
Abraçar um novo projeto profissional? Um negócio próprio, por que não? Decidir o rumo que queremos dar aos nossos dias. Definirmos metas e objetivos mais claros e valorizarmos valores perdidos ou esquecidos.
Acredito vivamente no otimismo desta perspetiva. Mesmo nos cenários mais negros, o ser humano sempre teve capacidade de se adaptar, de mudar, de definir um novo rumo.
