Hoje há emoções à flor da pele. Na verdade não é apenas hoje - as últimas semanas assim têm sido. Mas, hoje - neste texto - refletimos sobre a gestão das emoções ao longo desta pandemia. As dos filhos e as dos pais, e tudo o mais que resulta de uma intensa e inabitual interação entre uns e outros.
Desta feita, nesta [Série Especial] sobre o Dia da Criança, temos a perspetiva de uma psicóloga que é menina, mãe e mulher 😉
Desafiar o Nosso Controlo
Os últimos meses foram desafiantes tanto para nós como para os nossos filhos.
Perdemos o pouco controlo que tínhamos da realidade, alguma da previsibilidade que sentíamos, aquela que era a nossa rotina, a liberdade. Os abraços deram lugar a videochamadas, as brincadeiras com amigos foram trocadas por actividades com os pais, passámos a olhar para dentro.
Ao longo deste período as emoções estiveram à flor da pele. O medo entrava todos os dias em nossas casas pela rádio ou pela televisão, a tristeza invadia-nos, a saudade tirava-nos pedaços.
Enquanto pais, tivemos de identificar as emoções dos nossos filhos, de os ajudarmos a expressá-las, enquanto ajustávamos as nossas.
Enquanto pais, tivemos de identificar as emoções dos nossos filhos, de os ajudarmos a expressá-las, enquanto ajustávamos as nossas; criámos formas de os entretermos, lidámos com o medo que sentíamos, fomos curando feridas da nossa infância que o contacto com os nossos filhos fez emergir (por exemplo, ter de brincar com o meu filho quando os meus pais nunca brincaram comigo), desempenhámos em simultâneo as funções de professores, animadores, cozinheiros, enfermeiros, psicólogos, entre tantas outras.
O mesmo nível de desgaste aplica-se aos nossos filhos que por estarem em casa ficaram mais limitados no contacto, na exploração, na interacção.
Organizar a Transição
Acredito que a forma como iremos lidar com esta fase nos próximos tempos dependerá muito de como a vivemos, expressámos e regulámos até aqui.
Quem teve oportunidade de chorar, de assumir a tristeza ou a saudade, fará uma transição mais tranquila e consciente para a nova realidade comparativamente com aqueles que acabaram por transformar as suas emoções em comportamentos, que não compreenderam o que foram sentindo, que não organizaram as suas vivências, entrando numa espécie de modo sobrevivência, e que por isso irão necessitar de mais tempo, e talvez até de apoio, para digerirem tudo aquilo que foi abafado.
Quem teve oportunidade de chorar, de assumir a tristeza ou a saudade, fará uma transição mais tranquila e consciente para a nova realidade.
Hierarquizar as Atividades a Retomar
Apesar de todos os desafios do período que vivenciámos, a possibilidade que muitos de nós (pais) tivemos foi quase única. Finalmente tivemos tempo para estar, para ver, para escutar, tudo isto sem correr, sem ter de ir a lado nenhum, sem responder a muitas das exigências sociais.
Fomos nós, estreitámos laços, aprendemos muito uns sobre os outros, criámos memórias de partilha e união, conhecemos melhor as emoções uns dos outros, vimo-nos frágeis, sem capas.
Acredito que cada um de nós irá criar uma espécie de hierarquia de actividades a retomar. O mais importante será focarmo-nos em actividades das quais retiremos verdadeiro prazer, que nos estimulem e que idealmente promovam uma interação segura. Este foi o motivo pelo qual, enquanto pais, priorizámos as aulas de inglês da nossa filha; estas permitem que a nossa filha sinta que continua a evoluir num determinado campo, desafiam-na, estimulam-na e permitem que contacte com outras crianças num contexto que embora seja de aula é leve e divertido.
Estamos juntas, 3m’s ❤️
P.S. Se, tal como a Leti, gostava que os seus filhos experimentassem uma aula do nosso divertido inglês, completamente gratuita, marque já!
